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quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

3.1 O que turismo sustentável?

No propósito de analisarmos o potencial turístico da praia da Barra da Sucatinga e como esse potencial pode contribuir de forma eficaz no desenvolvimento local, observamos a importância de verificarmos o que vem a ser turismo, sustentável, seus caminhos, avanços e perspectivas.
Segundo Vieira (2006, p.105),
a partir dos limites mínimo e máximo das necessidades, o ser humano passa otimizar as formas de produção. Segundo essa ordem, a sustentabilidade nasce do aspecto social, passa pelo ambiental, para então definir o padrão econômico mais adequado para encontrar a segurança de vida das comunidades.
Portanto, na busca de uma comunidade sustentável o aspecto social e ambiental é mais relevante que o aspecto econômico.
A sustentabilidade do turismo está diretamente relacionada com o crescimento socioeconômico das comunidades, ao se integrar às atividades locais, dentro dos limites sociais e ambientais, evitando a saturação dos recursos da comunidade e o fim dos destinos turísticos (Vieira, 2006 p. 109).
Sendo assim para que o potencial turístico da comunidade “barrista” seja aproveitando de modo sustentável, a fim de se atingir o desenvolvimento local é necessário o fortalecimento sócio-cultural e a diversidade das atividades econômica.
O turismo deve ser visto como uma alternativa do desenvolvimento comunitário “barrista”, sendo que sua inserção na cadeia produtiva local depende da valorização das atividades tradicionais como a pesca em jangadas e botes e o artesanato. Essa valorização deve nascer a partir dos moradores do lugar.
Outro aspecto importante para se atingir a sustentabilidade turística é o respeito ao meio ambiente, às unidades naturais como a própria faixa de terra litorânea, as nascente de água doce, as matas ao redor da comunidade, as frágeis falésias, mar territorial etc. Os recursos naturais devem ser usados de forma responsável em prol da comunidade, pois podem ser considerados recursos turísticos. Sobre isso Vieira (2006, p.103) fala:
Conciliar alguns recursos naturais com a função de atrativos turísticos representa um grande desafio, mas é um caminho consistente. Além, disso, reconhecemos nessa atividade um potencial natural para ser uma das extensões das atividades econômicas e de lazer naquelas comunidades na iminência de serem convertidas em destinos exclusivos para turistas.
Ao continuar analisando a prática turística a mesma autora escreve:
assim, atividade como o turismo devem ser estruturados em função da cadeia produtiva organizada pela comunidade, de modo a construir uma vida digna para a população fixa. Com isso, contribuirão para favorecer a segurança local, proporcionando trabalho, renda e divisas, bem como a redução das desigualdades regionais (Vieira, 2006, p. 21).
Só existirá sustentabilidade turística se a comunidade adotar meios sustentáveis de convivência e de ação. Podemos citar algumas características importantes da comunidade da Praia da Barra da Sucatinga que podem ser associadas à ações sustentáveis como a união dos pescadores, que organizam-se na Colônia de Pescadores Z –XI, no total são 135 pescadores afiliados (Colônia de Pescadores Z – XI, 2008). Consideramos esse total de pescadores afiliados expressivo, a qual nos leva a acreditar que a pesca artesanal, atividade símbolo das comunidades litorâneas cearenses, continuará sendo praticada por muito tempo naquela praia.
Outra representatividade coletiva que atua na comunidade é a Associação Comunitária da Barra da Sucatinga – ASCOBAS. Essas duas entidades, expressa o potencial e a vocação que as pequenas comunidades tem para organizarem-se em prol do bem comum.
Essas duas entidades agem internamente através de reuniões e assembléias nas quais são discutidos os problemas detectados na comunidade e as soluções possíveis para tais. Também agem externamente, articulando-se com outras organizações, formando representações maiores, na qual trocam experiências, e lutam por interesses comuns. Portanto a capacidade de união da comunidade é o pré – requisito mais importante para garantir a prática do turismo sustentável.
Como exemplo importante tomamos a comunidade da Prainha do Canto Verde, no município de Beberibe a leste da Praia da Barra da Sucatinga, que através da união de seus moradores, que lutaram incessantemente contra a especulação imobiliária pela posse da terra, conquistando-a, tomaram as rédeas do próprio desenvolvimento, optaram pela exploração do turismo de forma alternativa, alicerçando-o na preservação ambiental e na valorização das expressões culturais do lugar. Isso demonstra preocupação em basear a atividade turística na qualidade de vida dos que habitam a comunidade, sobre isso Coriolano (1997, p. 145) discorre:
A principal atração turística de um lugar vem sendo cada vez mais, a qualidade de vida da população do lugar visitado. (...). Para um turismo de qualidade não basta o lugar oferecer infra-estrutura; implica também a qualidade de vida do lugar que vai das condições ambientais às condições políticas, sociais e culturais de seus habitantes.
O turismo não deve ser projetado como a principal atividade econômica de comunidades pesqueiras tradicionais como é o caso da Barra da Sucatinga, isso desaceleraria completamente as expressões culturais e as atividades econômicas tradicionais, além de causar efeitos degradadores ao ambiente natural.
O turismo deve ser repensado como uma forma alternativa de potencializar a utilização dos recursos naturais e sociais do lugar, de forma a não agredi-los, pelo contrário preservando-os. Em um lugar como a Barra da Sucatinga, rodeados de belezas naturais diversas, como dunas, falésias, matas, praia, sol, pequenas fontes de água doce, lagoas, córrego, mar etc, e habitado por pessoas que se preocupam em manter as expressões culturais vivas, o turismo deve vir acompanhado de um planejamento interno e políticos públicos que leve em consideração a opinião de seus habitantes.
A atividade turística praticada na comunidade em questão deve antes de qualquer coisa basear-se no bem-estar social dos residentes, partindo da premissa de que o que é bom para a população fixa é bom também para a população não fixa.

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