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quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

3.4 O potencial da Barra da Sucatinga para o ecoturismo

O ecoturismo é um dos ramos mais promissores da atividade turística. Pressupõe, além de contato e da contemplação da natureza, um envolvimento com as atividades culturais locais, bem como a apreciação dos usos e costumes do povo do lugar onde se desenvolve, sendo que este contato deve acima de tudo ser harmonioso, com respeito de ambas as partes: visitantes e visitados. Sobre essa modalidade de turismo, Rodrigues (1997, p. 98), discorre:
A mais recente modalidade de turismo, o ecoturismo – caracteriza-se por viagens para reservas naturais, relativamente pouco alterados e não contaminadas, com o objetivo específico de estudar, admirar e desfrutar da paisagem, da fauna e da flora, da mesma forma que pretende a integração dos viajantes com o entorno e em particular com as comunidades locais.
Nessa perspectiva em que fala Rodrigues, a Barra da Sucatinga reúne características propícias às práticas ecoturísticas: em seu entorno ainda exite e resiste um meio natural com áreas preservadas e conservadas, com uma beleza natural comparável a qualquer lugar do Brasil, os moradores locais, de todas as dificuldades, tenta preservar os costumes e as atividades culturais, estando de “braços abertos” à visitação.
É de grande importância observar o grau de consciência ambiental que os moradores da comunidade estudada e dos visitantes, pois, juntamente com as atividades ecoturísticas como caminhadas, passeio de barco e outros, deve haver o desenvolvimento de práticas de preservação ambiental. Essas práticas são premissas para se alcançar um desenvolvimento local sustentável. “É indispensável que o turismo e o ambiente sejam estudados estreitamente vinculados para assegurar a compatibilidade entre o desenvolvimento do turismo e a proteção do meio ambiente em seu aspecto físico, econômico, social e cultural” (Rodrigues, 1997, p.99). Reforçando o pensamento de Rodrigues, Souza em obra organizada por Vasconcelos, (1998, p.238), fala: “Todos os atores envolvidos nesse processo necessitam se integrar (…)”. O ponto fundamental dessa integração é o envolvimento das comunidades, pois o ecoturismo requer um esforço conjunto da população local e dos visitantes para preservar as áreas naturais e o patrimônio cultural da comunidade envolvida.
A integração deve alcançar um alto nível de participação dos atores envolvidos: comunidade local, visitantes, poder público e iniciativa privada (os dois últimos falaremos adiante), sendo que o modelo de administração mais compatível com o gerenciamento dos recursos materiais, imateriais e humanos destinados as práticas dos turismo de base local e especificamente do ecoturismo é a gestão participativa. Destacamos porém, através do pensamento de Coriolano e Silva (2005), o papel que a comunidade deve possuir nessa gestão:
(…) um novo conceito de administração turística, de comunidade turística, é reelaborado a partir da evolução do conceito de desenvolvimento sustentável, exigindo inclusão de todos no processo de produção, o qual nasceu do envolvimento das comunidades anfitriãs com turismo, mas dentro da preocupação premente de originar benefícios locais; uma gestão turística onde a comunidade atua desde a fase do planejamento, participando e auxiliando nas tomadas de decisões sobre que segmento de turismo deve ser desenvolvido no lugar, quais são suas necessidades e qual as expectativas dos residentes (Coriolano e Silva, 2005, p. 93).
No presente estudo de caso entendemos que é indiscutível o fortalecimento das associações de representações diversas dentro do núcleo comunitário: culturais, econômicas, sociais, religiosas e outras, como o grupo artístico e cultural Raio de Sol que organiza anualmente a apresentação de quadrilha junina e dos representantes religiosos que realiza também anualmente a encenação da Paixão de Cristo. Nestas duas manifestações locais, observamos a participação dos visitantes.
Não existe desenvolvimento local sem protagonismo local, independente da atividade desenvolvida. Portanto, o potencial para a prática do turismo ecológico na Barra da Sucatinga será aproveitado por completo quando os moradores assumirem os rumos da atividade, decidir quais as unidades ecológicas quais as atividades econômicas e culturais serão explorados.
As dunas, as fontes, a vegetação de tabuleiro, a praia, o mar, as falésias, o córrego, dentre outras unidades naturais, são atributos na qual dispõe a localidade do presente estudo para a exploração ecoturística. O jeito de ser dos moradores, com seus costumes, valores, hospitalidade, as atividades econômicas, religiosas, culturais como o artesanato, a festa da igreja, a presentação de quadrilha são atributos culturais que a comunidade local dispõe para a prática de um turismo alternativo numa perspectiva de alcançar um desenvolvimento local sustentável; no caso o ecoturismo.
O ecoturismo enquanto prática sócio-cultural com o objetivo de desenvolver comunidades pequenas como a Barra da Sucatinga, requer uma reflexão sobre seu caminho a ser seguido. “Refletir sobre o ecoturismo significa repensar a conservação de recursos naturais e seu valor patrimonial para as comunidades humanas” (Irving, org. Vasconcelos, 1997, p.295). As perguntas são: Que ecoturismo podemos e que ecoturismo podemos? O turismo ecológico deve acima de tudo respeitar a cultura local e preservar os recursos naturais que se apresentam frágeis frente ao poder de alteração que ação antrópica, principalmente em áreas litorâneas, possui.

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